Pedimos, antes de mais anda, desculpas pela injustificada ausência durante essa semana. Inaceitável de nossa parte, mas creio que os mais franciscanos aqui entenderão o que significa a ressaca pós-jurídicos para este blog.
E não me refiro à sensação de boca seca, cabeça leve e dolorida, fadiga pelo corpo. Refiro-me ao amargo gosto da derrota que teima não sumir de nossas bocas ou memórias. Bom, trataremos disso mais à frente, de cabeças frias.
O post de hoje deixa um pouco de lado o esporte, propriamente dito, e fala do Comitê Olímpico Brasileiro, da política(gem) e da crição de uma Comissão de Altetas pelo COB.
Ao que interessa.
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O título é o mesmo de nota publicada na Istoé 2057, de 15.4.2009, na sessão Semana de Ricardo Boechat e Ronaldo Herdy.
A nota trata da ausência de Maureen Higa Maggi nos quadros da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Brasileiro, em razão do episódio de doping que a deixou de fora de Atenas-2004.
Não quero, e nem posso, criticar ou contestar a capacidade e a presença dos 19 atletas olímpicos na Comissão. Não poderia, da mesma forma, defender a presença de Maureen na Comissão, em detrimento de alguns dos integrantes. E, nem se pudesse ou quisesse, deveria, quando os trabalhos ainda não foram iniciados.
O que incomoda, não somente à mim, mas a muitos e mais bem credenciados, é a maneira como foi criada e Comissão e em que contexto.
O grupo dos 19, o qual visa e propagandeia representar os atletas brasileiros, nasce, a descontento de Nuzman, já controvertida. A um, pela escolha dos integrantes. A dois, pela vinculação da mesma ao COB.
Ora, a contragosto da lógica, do esperado e da democracia, a Comissão que representa os atletas e supre uma necessidade do esporte brasileiro, nas palavras do Presidente do COB, não teve eleições! Sob o pretexto de não haver tempo hábil, o Comitê indicou unilateralmente os nomes dos 19 integrantes da Comissão. O próprio Nuzman declarou terem os nomes sido escolhidos, a critério do COB, pela contribuição que cada um poderia oferecer.
Não seria de se esperar que os próprios atletas escolhessem os integrantes da Comissão visa os representar? Que os atletas, segundo seus próprios critérios e convicções, pudessem escolher os integrantes da Comissão mediante votação?
Além disso, a Comissão é regida por um regulamento próprio, cujas determinações devem ser integralmente respeitadas. Certamente, o COB (leia-se Nuzman), não exitaria em invocá-lo diante de qualquer problema. O mesmo regulamento que deve ter sido a causa do "esquecimento" de Maurren foi absolutamente ignorado quanto ao procedimento de eleição dos cargos de Presidente (Bernard) e Vice (Hortência).
Nem se diga que, por tratar-se da 1a Comissão, o COB teria a prerrogativa de determinar sua composição, muito menos os cargos de direção, o que, inacreditavelmente, foi incluído no regulamento.
O COB (novamente Nuzman), todavia, reza gozar a Comissão de total independência e autonomia.
O que dizer de comissão que, jurisdicionada por determinado órgão, tem composição por ele integralmente determinada? E cargos de direção escolhidos ao arrepio do regulamento? O que dizer da mesma comissão quando o presidente daquele órgão tem cargo de presidente de honra na comissão, com poderes, inclusive, para convocação de reunião extraordinária?
As desafiadoras perguntas acima não têm respostas exatas, mas certamente longas. Fácil, no entanto, o que se não pode dizer da hipotética comissão ali desenhada: a comissão, por certo, não detém autonomia alguma, muito menos independência. É integralmente subordinada ao orgão jurisdicionador, cujo controle sobre a comissão é exercido pelas nefastas práticas do apadrinhamento e da troca-de-favores.
Esse é um retrato superficial, mas já assutadoramente revelador, do COB. A criação dessa Comissão de Atletas sob o mascarado comando do Comitê é exemplo dos mecanismos utilizados inescrupulosamente para a ocultação dos mandos e desmandos perpetrados há mais de 10 anos na entidade Olímpica brasileira, a exemplo dos escândalos do Rio-2007.
Mas memória há de ser implacável com o COB. Se não esta 2a feira (27.4), nem na 4a (29.4), com a visita do Comitê de Avaliação, no mais tardar em 2.10.2009, quando o Rio não será escolhido sede dos Jogos Olímpicos.
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Me empolguei.
Ah! Os Lakers ganharam hoje, em Salt Lake City. Têm, já, 3x1 na série e tudo para fechá-la na 2a feira, no Staples Center.